Quando começamos a estudar música, nossos sentidos são aguçados para o estudo da melodia, do ritmo e da harmonia para começarmos a entender a linguagem. Na trajetória desta investigação chamamos de percepção musical o estudo para desenvolver a capacidade de perceber e identificar as ondas sonoras que podem ser de altura definida (notas musicais) ou de altura indefinida (ritmo) (MED, 1996).
Em minha trajetória acadêmica a palavra percepção tem me chamado a atenção por ser usada no ensino musical e também pertencer a outras áreas. Na Psicologia, Neurociência e Ciências Cognitivas, a percepção é a função cerebral que atribui significado e estímulos sensoriais a partir de histórico de vivências passadas e através dela um indivíduo pode organizar e interpretar suas impressões sensoriais para atribuir significado ao meio em que vive (ARCENO, 2008).
Observando este percurso, nota-se a riqueza que há na interação entre o conhecimento musical e as áreas que podem interagir; a música pode apresentar reflexões sobre as possibilidades de exploração das inter-relações entre saberes nas práticas musicais e em outras áreas, criando uma rede.
A partir dos encontros musicais (aulas) ouvir o outro e buscar saber o meio em que vive, o que pensa, pode vir a fazer diferença na aquisição do conhecimento criando interações nos saberes.
Em um dos encontros musicais, foi trazido a ideia de que um dos integrantes estaria estudando a técnica de dobradura de papel na sua escola. Esta tem potencial de ajudar a relaxar, exercitar a memória, a criatividade, a coordenação motora, entre outros benefícios. Ele estava aprendendo a fazer barcos de papel. Então tive a ideia de criarmos o mar da música em que cada barco teria um nome de nota, ele determinou oito barcos porque a escala musical que ele estaria estudando tem oito notas.
Uma mudança em determinada área ou conceito pode repercutir em toda rede de conhecimento levando a ocorrência de reflexos em outros campos, fato este que se vincula à noção de interdependência e inter-relacionamento entre as diversas áreas do saber (ABED, 2014).
