:: Edição 008 :: Saúde Integral

A FRONTEIRA QUE NÃO SEPARA

Os autores Mondardo e Staliano (2020), mencionam a fronteira como uma produção histórica, que foi criada pela “necessidade de as sociedades estabelecerem seus limites por meio dos Estados”. 

Para Ferrari (2014) o termo “fronteira” está presente em tudo e foi adquirindo significados diferentes de acordo com as necessidades do tempo e espaço. Comumente, utiliza-se o termo fronteira para indicar realidades opostas, como por exemplo, fronteira entre bem e mal, fronteira entre a vida e a morte, fronteira linguística e fronteira geográfica como uma invenção humana para delimitar o espaço territorial.

A integração de saúde entre países em regiões de fronteira é um tema muito discutido na atualidade. Neste contexto, a literatura científica aborda temas recorrentes como, desigualdades econômicas, diferenças culturais, conflitos territoriais e conflitos do cenário pandêmico, pela disseminação da Covid-19 nas faixas de fronteira. 

A globalização e a intensificação dos fluxos migratórios, trouxeram um novo conceito à fronteira, que parece estar relacionado ao que Gagnebin (2014) menciona ao tratar sobre limiar. O limiar aqui, não se refere apenas a separação, mas um movimento de passagem, zona de fluxo e permeabilidade.

Neste sentido, a fronteira diferencia lugares, mas também os integra independente da distância. Nesta perspectiva integrada, a fronteira é permeável para trocas; espaços singulares com múltiplas relações e como mencionado por Aikes e Rizotto (2020), na integração é necessário diálogo. 

Trata-se da solicitação da consciência de ligação entre sujeitos e espaços. Um processo que considera a interação entre “dentro” e “fora”, mas mantém a reflexão de si.

Referências Bibliográficas

AIKES, Solange; RIZZOTTO, Maria Lucia Frizon. A saúde em região de fronteira: o que dizem os documentos do Mercosul e Unasul. Saúde Soc. São Paulo, v.29, n.2, 2020
ARRIAL, Luciana Roso; CALLONI, Humberto. Concepções de ética e de solidariedade: anúncios de uma epistemologia da complexidade para educação ambiental. Rev. Eletrônica Mestr. Educ. Ambient, v. 32, n.2, p.129-142, 2015
CARDIN, Eric Gustavo; ALBUQUERQUE, José Lindomar Coelho. Fronteiras e deslocamentos. Revista Brasileira de sociologia, v. 6, n. 12, p. 114-131, 2018.
FERRARI, M. As noções de fronteira em geografia. Revista Perspectiva Geográfica, v. 9, n. 10. 2014.
GAGNEBIN, JM. Limiar, aura e rememoração. Ensaios sobre Walter Benjamin. São Paulo: Ed. 34, 2014.
NAGAMINE, Liria. FERREIRA, Gustavo. KRÜGER, Caroline; MOURA, Rosa. Disseminação da Covid-19 nas faixas de fronteira terrestre e litorânea do Brasil. Revista Tempo do Mundo, n.23, p. 203- 233. 20202. Disponível em http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/10435/1/2020_rtm_n23_art8.pdf
MARTINO, Luis Mauro Sá; MARQUES, Angela Cristina Salgueiro. Limiares do estrangeiro na comunicação: a fronteira como ambivalência comunicacional entre o acolhimento e a hostilidade. Rev. Cambissau, v.15, n. 26. 2020
MONDARDO, Marcos; STALIANO, Pamela. Saúde na Fronteira Brasileira:  Políticas Públicas e Acesso a Serviços. Rev, Espaço Aberto PPG- UFRJ. 10, n.1, p. 99-116, 2020




Geani Marins
29 anos de vida e Fé Cristã. Doutoranda em Saúde Pública e Meio Ambiente. Atua nas linhas de pesquisa: Epidemiologia de doenças transmissíveis e Geoprocessamento e análise espacial em saúde. Pesquisadora colaboradora no Projeto de Pesquisa e Extensão APHETO: Autopercepção da imagem corporal e nutricional, história clínica e epidemiológica na terapia nutricional do outro. Mestre em Ciências Ambientais e Conservação. Nutricionista.

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