:: Edição 012 :: Estética Musical

MÚSICA, PROCESSO CONTÍNUO

Nossos editores nesta edição do modal trouxeram como tema central a percepção permanente de remodelar e, uma das observações feitas nas matizes condutoras, assim como o tema, me saltaram aos “ouvidos musicais”, aferição crítica dos fenômenos culturais e dos mecanismos que visam regular discursos normativos de convivências e de sistematizações conceituais abstratas.

Como sempre, comecei a pensar no significado na área musical das palavras do tema, e nesta observação feita nas matizes condutoras. Desenvolver esta percepção vai requerer estar em processo de dedicação continua, capacidade de se adaptar às mudanças tanto no processo criativo quanto na interpretação e execução da música. 

Para isso, gostaria de considerar alguns elementos como criatividade e originalidade, flexibilidade e adaptabilidade, experimentação e inovação, auto avaliação constante, aprendizado contínuo, colaboração e interação com outros músicos, respeitar a tradição e a história, persistência e paciência.

Na primeira semana de agosto de dois mil e vinte três, um dos pesquisadores que oriento na área da harmonia tradicional da condução das vozes, trouxe em sua fala que havia começado a perceber depois de alguns meses pesquisando, que a aplicação do conhecimento nesta área estava ficando mais clara porque ele estaria aplicando esse conhecimento em suas composições e a partir da análise de outras peças, de uma percepção permanente, havia compreendido a diferença da utilização desta técnica específica para produção dos arranjos. Segundo ele, o resultado sonoro do compositor que utiliza esta técnica é bem melhor, porque a partir dela há a valorização de cada linha melódica. 

Para uma aferição crítica na área da música, é importante considerar não apenas seus aspectos formais, como a técnica citada acima, mas também sua relação com o meio e a capacidade de expressar a complexidade da experiência humana.

Umberto Eco, em seu livro Obra Aberta, publicado pela primeira vez em 1962, discute uma série de ideias sobre a arte, a interpretação e a recepção das obras culturais, incluindo literatura, música, pintura e outros meios de expressão artística.

Em um dos pontos principais abordados, obra aberta versus obra fechada, Eco argumenta que as obras “abertas” são aquelas que permitem várias interpretações por parte do público, enquanto as obras “fechadas” têm uma interpretação definitiva, imposta pelo autor.

Theodor W. Adorno também fez contribuições importantes para a crítica e a aferição musical, quero destacar dois pontos importantes de sua obra.

 Primeiro, a autonomia da música em que ele acreditava como uma forma de arte. Seu argumento era que a música é a única em sua capacidade de expressar o inexprimível e que não deveria ser reduzia a meras representações de emoções. 

Segundo, a crítica a padronização, segundo ele, estaria preocupado com a crescente padronização da música devido à indústria cultural. Via isso como uma ameaça à autenticidade da música e à experiência estética.

 O violonista e compositor brasileiro Guinga, numa entrevista dada ao programa Um café lá em Casa do Nelson Faria, a música é à temporal, ela tem o poder de te levar para adiante e te levar para trás, para a música não há tempo, o tempo é elástico.

Referências

Eco, Umberto, 1932 – Obra Aberta: Forma e indeterminação nas poéticas contemporâneas / Umberto Eco; [tradução Giovanni Cutolo]. - São Paulo: Perspectiva, 2010 – (Debate; 4 / dirigida por J. Guinsburg)
Adorno, Theodor W., 1903-1969. Introdução à Sociologia da Música: Doze preleções teóricas / Theodor W. Adorno; tradução Fernando R. de Moraes Barros. – São Paulo: Editora Unesp, 2011. 420 p. – (Coleção Adorno)




Portella
47 anos de vida e Fé cristã. Mestre em Educação. Pós-graduado em Aperfeiçoamento de Docência com Psicopedagogia. Licenciatura Plena em música. Bacharel em Composição. Bacharel em Gestão e Administração Eclesiástica e Música Sacra.
https://modal.asaphministerios.com/equipe/portella

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