Assim como o mundo passa por constantes mudanças, o processo de investigar o campo do conhecimento musical não é diferente. Várias linhas de pesquisa na intenção do desenvolvimento do conteúdo musical foram criadas. Umas priorizando a teoria, outras a prática e outras adequando a prática à teoria.
Aguçar o sentido, desenvolver a percepção melódica, rítmica e harmônica são ferramentas que essas pesquisas utilizam para este fim.
Inspirada a partir da noção de “alfabetização crítica” e “pedagogia transformadora”, entre outros termos, que são associados a “Pedagogia Crítica” desenvolvida por Paulo Freire, Lucy Green desenvolveu o conceito de “Musicalidade Crítica”.
Esta teoria possui como fundamentação básica, a relação entre os “significados delineados e os significados inerentes”, ou inter-sônicos, que segundo a pesquisa estão presentes na música e na cultura, e sua influência sobre a experiência musical individual e coletiva dos ouvintes.
Os “significados musicais delineados” são construções externas à música e acontecem em contextos ideológicos, socioculturais, religiosos, políticos, entre outros. Tais construções podem ser estabelecidas socialmente ou individualmente.
Os “significados musicais inerentes”, dizem respeito ao material musical e suas relações, correspondendo ao que podemos chamar de sintaxe musical. Esses significados são construídos a partir das percepções musicais individuais.
Estas pesquisas nos levam a pensar na pluralidade e dinâmica dos ambientes que vivemos e a possibilidade de desenvolver percepção musical através da investigação e estudo musical.
O campo musical explora possibilidades de mudanças significativas incorporando insights de outros campos sobre um processo de construção musical multicultural.
Compositores e intérpretes utilizam a música como um meio de narrativa, de falar de suas vivências, trazendo uma forma de pensar. Para pensar com a música é preciso mais que escutar, é um ouvir, e este ouvir de forma acurada.