:: Edição 010 :: Estética Musical

PERCEPÇÕES PESSOAIS E MUSICAIS

Essa frase do tema central da nossa 10ª edição me fez viajar no tempo e voltar ao curso preparatório musical que fiz para seguir a carreira acadêmica. Com meus quinze anos, eu, então, acreditava no que estava “vendo”, ouvindo musicalmente. Como uma parte dos músicos instrumentistas começam a “tocar de ouvido”, eu também fui um desses. 

Quando minha orientadora começou a trazer os conceitos musicais que até então eu os tinha “de ouvido”, foram dando novas perspectivas ao que fazia como músico, a forma que eu “via”, ouvia,  havia mudado porque até aquele momento eu acreditava no que estava “vendo”, ouvindo. 

Foi me apresentado o estudo da percepção musical que é a capacidade de perceber as ondas sonoras como parte de uma linguagem musical. Envolve a identificação dos atributos físicos do som como o volume, timbre e afinação (percepção do som), mas também elementos musicais como melódica, ritmo e harmonia.

Olhando hoje para aqueles momentos de ressignificação musical, percebo que o ver e o acreditar estiveram dependentes do meu momento na vida, das fontes que utilizei para “ver”, ouvir. Mas a mudança que ocorreu não foi no que “via”, ouvia, fui eu que havia mudado, e continuo a perceber que a cada vez que há mudanças em mim, a minha “visão”, audição, muda.

Peguemos o exemplo das frequências sonoras.  Elas se referem à velocidade na qual as ondas de som se propagam no ar. Elas ocorrem por meio das vibrações, as quais podem ser mais espaçadas ou intensas. Um corpo vibra quando descreve um movimento oscilante em torno de uma posição de referência. O número de vezes que o ciclo completo de movimento ocorre durante o período de um segundo é chamado de frequência e é medido em hertz (Hz). 

Na música, quando uma vibração alcança altura definida é chamada de nota musical, por exemplo a frequência 440 Hz, significa que uma onda sonora vibra 440 vezes no intervalo de um segundo na nota Lá. Existem também a vibração de altura indefinida, acontece quando não há uma frequência predominante. No som de altura definida é possível identificar uma frequência predominante que o ouvido humano é capaz de identificar como nota musical, já no som de altura indefinida não há frequência predominante.

Estudar música é também aprender a ouvir as vibrações e cada pessoa “vê”, ouve diferente. As notas e os ritmos são frequências e estas são estudadas para se produzir a arte da música. Acreditar no que se “vê”, ouve, irá depender do quanto aquela pessoa tem em si a capacidade de querer perceber as vibrações.

Referências Bibliográficas

Med, Bohumil - Teoria da música / Bohumil Med. – 4. Ed.rev. e ampl. – Brasília, DF : Musimed, 1996.
Valle, Sólon do – Manual prático de acústica / Sólon do Valle. 2.ed. – Rio de Janeiro: Música & Tecnologia, 2007.
Fletcher, Neville H. e Rossing, Thomas D. – The Physics of Musical Instruments / Neville H. Fletcher e Thomas D. Rossing – 3.ed. – Springer, 1998.




Portella
47 anos de vida e Fé cristã. Mestre em Educação. Pós-graduado em Aperfeiçoamento de Docência com Psicopedagogia. Licenciatura Plena em música. Bacharel em Composição. Bacharel em Gestão e Administração Eclesiástica e Música Sacra.
https://modal.asaphministerios.com/equipe/portella

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