Uma das múltiplas formas de produção do cuidado com a saúde é pensar sobre a alimentação. De acordo com a Lei nº 8.080 (Lei Orgânica da Saúde) a alimentação é reconhecida como um direito social. Neste aspecto, todas as pessoas deveriam ter acesso a alimentação em quantidade e qualidade adequadas e suficientes, considerando também as diversidades culturais.
Ao longo dos anos, os significados atribuídos a alimentação foram sendo modificados. Anteriormente, a visão a respeito da alimentação era centrada à composição nutricional do alimento, ou seja, nos nutrientes e nos seus efeitos ao corpo humano. Uma visão restrita à bioquímica nutricional desconsiderando as outras dimensões envolvidas na alimentação. Posteriormente, essa visão foi questionada pela necessidade de considerar todo o processo de produção de alimentos, as questões sociais e biológicas; um olhar sistêmico (Silva; Motta; Casemiro, 2021).
Apesar dos avanços de uma visão ampliada de alimentação, a palavra “dieta” geralmente é utilizada para representar a restrição alimentar com o objetivo da perda de peso. Isso pode ser explicado pelo aspecto simbólico do corpo na atualidade, quanto ao padrão ideal de beleza. É comum ouvir “Estou de dieta” de pessoas que relacionam o termo “dieta” ao emagrecimento corporal.
No entanto, “dieta” originou-se do latim diatia que faz menção ao estilo de vida, que convoca uma predisposição para um conjunto de ações para um modo de vida específico (Falcato; Graça, 2015). No aspecto temporal e espacial, dieta também pode ser traduzida para “permanecer”, “viver”, “habitação” (Hérodoto, 1994).
Algumas possibilidades etimológicas da palavra “dieta” estão relacionadas ao conceito de “parte”, considerando que existe um meio através do qual o sujeito toma para si uma determinada parte. Outra etimologia refere-se ao sentido de “decidir”, neste caso, o sujeito toma uma decisão a partir de uma revisão mental do caminho que percorreu (Chantraine, 1996; Falcato, Graça 2015; Azevedo, 2017).