Arriscando-se a falar
pensava dizer o que deveria ser dito
Sábias palavras, disse o ouvinte ao sábio orador
sabendo que o exercício de ouvir requer tanto de si quanto do outro
Gritou a mãe, filho vem almoçar!
Quem vai dizer que não é sábio esse falar
Cantava desafinada os belos versos do poeta
e tamanha sabedoria nessas palavras cantadas
a licença poética virou regra para sobreviver
pensou que poderia guardar as palavras
de tanto saber enlouqueceu
ansioso coração que tudo sabe, nada espera, pouco crer
é loucura calar
é loucura falar
é loucura ser, esconder ou tentar escapar
é loucura ir, vir, ficar
o que tens a guardar
vai o que precisa ir
fique o que deseja ficar
transita dos dois lados ser livre é mais sensato
o mal
não sabe ter
não sabe crer
não sabe esperar
se cobra, se mata, se deixa se perde
cansa de tanto buscar, o que está apenas do lado
perto está o que é teu
se longe está, o caminho te levará até lá
tudo é pouco
sufoco
arrepios tentam chamar a atenção
passou o anjo, no ditado popular
efeitos fisiológicos
tanto poderia dizer
só pare, só viva
sinta
todos os dias são teus
todos os dias da sua vida
tudo o que te cabe, nada mais, nada menos