:: Edição 004 :: Percepções

PERCEPÇÕES NA TENTATIVA DE CAPTAR OS CONTORNOS E MODOS DE OPERAÇÃO DA VIDA SOCIAL

Os contornos relacionais procuram discutir as relações que os sujeitos sociais mantêm com o seu tempo, buscam examinar os vínculos, as diferenças existentes entre as vivências da modernidade. São hipóteses que apontam para um novo tempo social de novas formas de manifestações da individualidade, do sujeito, do ser aí1“SER AÍ” – Heidegger afirma que o ser humano é um “ente destacado”: o ser humano é capaz de questionar o ser, possui uma compreensão do ser. Este ente é o homem, que Heidegger chama de ser-aí, o homem enquanto um ente que existe imediatamente no mundo.

O autor propõe indicações de um método baseado na compreensão do existir humano como “ser-aí” e “ser-no-mundo” e também nos existenciais descritos em Ser e tempo, tais como espacialidade, temporalidade, ser-com-o-outro e corporeidade. Ao mesmo tempo, destaca que os fenômenos humanos não deveriam ser submetidos e circunscritos às descrições ontológicas dos existenciais, quando o método visa ao esclarecimento das experiências específicas e singulares de cada ser humano.
.

As relações sociais desencadeiam em cada tipo de coletividade, a criação de novas necessidades e do modo de ser e de agir, atribui significados, faz nascer valores que passam a ser compartilhados, constituindo modos de vida e tipos de sociabilidade.

No seu modo de produzir, a sociedade, se organiza nas atividades por essa produção que acaba interferindo no seu ritmo temporal construindo os tempos sociais em que essas atividades se desenvolvem e se articulam.

A noção de tempo no organizar as ações, sugere uma ressignificação do tempo, ideia que pode ser aplicada tanto ao coletivo social quanto aos indivíduos/sujeitos. As alterações que se processam nas formas de produção da vida e na percepção da temporalidade, repercutem no processo de constituição dos indivíduos/sujeitos dos vínculos sociais.

Está havendo uma radicalização das características atribuídas ao tempo, ao indivíduo e à vida social. Diante das questões suscitadas está um novo tipo de indivíduo/sujeito que articula implicações presentes nas relações entre a experiência do horizonte simbólico do mundo cultural. Nesse percurso as expressividades criadoras a partir da ideia de cultura, expressivas na linguagem, assumem as dimensões visíveis e invisíveis do ser na medida em que vivifica simbolicamente o mundo cultural.

NOTAS

  1. "SER AÍ" - Heidegger afirma que o ser humano é um "ente destacado": o ser humano é capaz de questionar o ser, possui uma compreensão do ser. Este ente é o homem, que Heidegger chama de ser-aí, o homem enquanto um ente que existe imediatamente no mundo. O autor propõe indicações de um método baseado na compreensão do existir humano como "ser-aí" e "ser-no-mundo" e também nos existenciais descritos em Ser e tempo, tais como espacialidade, temporalidade, ser-com-o-outro e corporeidade. Ao mesmo tempo, destaca que os fenômenos humanos não deveriam ser submetidos e circunscritos às descrições ontológicas dos existenciais, quando o método visa ao esclarecimento das experiências específicas e singulares de cada ser humano.

REFERÊNCIAS

CAMINHA, Iraquiatn de Oliveira. O distante-próximo e o próximo-distante: corpo e percepção na filosofia de Merleau-Ponty. João Pessoa: Editora Universitária, 2010.
CARMO, Paulo Sérgio. Merleau-Ponty: uma introdução. SP: EDUC, 2002. _______, E. A Ideia da fenomenologia. Trad. A. Morão. Lisboa: Edições 70, 2008.
 _______, Ideias para uma fenomenologia pura e para uma filosofia fenomenológica. Trad. M. Suzuki. Aparecida, SP: Ideias e Letras, 2006. (Coleção Subjetividade Contemporânea).
LYOTARD, Jean-François. A fenomenologia. Trad. A. Rodrigues. Lisboa: Edições 70. 2008.
MERELAU-PONTY, M. Conversas. Trad. Fábio Landa e Eva Landa. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
_______, O Olho e o Espírito: seguido de A linguagem direta e as vozes do silêncio e A dúvida de Cézanne. São Paulo: Cosac & Naify, 2004
 _______, O visível e o invisível. São Paulo: Editora Perspectiva, 1971.
Cardinalli, I. E. (2005). A contribuição das noções de ser-no-mundo e temporalidade para a psicoterapia daseinsanalítica. Revista da Associação Brasileira de Daseinsanalyse.
Carneiro Leão, E. (1988). Apresentação. In M. Heidegger (Org.), Ser e tempo (v. I). Petrópolis, RJ: Vozes.
Casanova, M. A. (2006). Nada a caminho. Rio de Janeiro, RJ: Forense Universitária.
Casanova, M. A. (2009). Compreender Heidegger. Petrópolis, RJ: Vozes.
Critelli, D. M. (1996). Analítica do sentido. São Paulo, SP: EDUC.




Rovany Pimenta
61 anos de vida e Fé cristã. Doutor em Fenomenologia Existencial. Mestre em História Social. Pós-Graduado em: Teologia Filosófica Educacional; Psicoterapia de Orientação Analítica; Gestão em Educação e de Pessoas; Psicopedagogia – Aperfeiçoamento do Docente; Artes Cênicas – Educação Musical/ voz e regência. Bacharel em Teologia, Artes Cênicas e Psicoterapia de Orientação Analítica.
https://modal.asaphministerios.com/equipe/rovany-pimenta/

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *