:: Edição 006 :: Produção Fonográfica

O TEMPO NA PRODUÇÃO FONOGRÁFICA

Já escrevemos antes nessa coluna como a mudança nos formatos de produção musical alteraram o mundo da música. E aqui nesta edição, gostaria de destacar um aspecto dessa mudança: o tempo. 

Como a maior parte das produções hoje não é feita em grandes gravadoras e em grandes estúdios, o artista no nosso tempo ganhou uma arma que era escassa antes: o tempo de reflexão sobre a sua produção. 

Grandes estúdios funcionam sempre com o cronômetro ligado, e isso significa que qualquer minuto de pensamento ali dentro é incluído na conta. Custa dinheiro. Isso impedia, muitas vezes, uma construção mais detida sobre aquela produção. Tudo era feito a toque de caixa. Com as horas contadas. 

Hoje, com a popularização dos equipamentos e modos de produção, os artistas (principalmente os independentes) se deslocaram dos estúdios para trabalharem em suas casas, em seus home studios. 

Além de esse tempo potencialmente desafogar o tempo de produção que era antes exclusivamente gasto no estúdio, ele também permitiu que os artistas pudessem gastar um tempo muito maior nos arranjos, na concepção da sua música, nos detalhes, nas letras. 

E para alguns artistas mais habilidosos na produção (o que está cada dia ficando mais comum), esse mesmo material produzido ali é o que fica no produto final, dispensando completamente os grandes estúdios que demandam grandes orçamentos. 

Essa arma, tão importante para o artista que se produz e se pensa como construtor do seu processo artístico, está acessível a cada vez mais pessoas. E o que isso significa? Significa que o artista pode se aventurar, em uma parcela cada vez maior, no tempo kairós, no momento de criação em que ele fica absorto nas especificidades do seu caminhar artístico. 

Se isso vai ocasionar em uma qualidade maior do que o que era feito por grandes produtoras antes, só o tempo dirá. Mas confesso que tenho encontrado muitos compositores e cantores que produzem material belíssimo, profundo e com muito mais liberdade para explorarem a arte dentro de si antes de a mostrarem ao mundo. 




Felipe Aguiar
34 anos de idade, 28 de Fé Cristã. Mestre em Letras – Linguística. Bacharel em Letras – Inglês / Literaturas. Licenciatura em Letras – Português / Inglês. Graduado em Gravação e Produção Fonográfica. Técnico em Processamento de Dados. Livros Publicados: 2015 – “Coração Poeta: Pequenas doses de poesia para pensar na vida”. 2013 – “Trazendo à Terra as Canções do Céu”.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *