O conceito de percepção faz parte da tradição filosófica através de uma nova concepção do Conhecimento Sensível (Entende-se por Conhecimento Sensível, os conhecimentos estratégicos que possuem um potencial de aproveitamento de oportunidades ou desenvolvimento em diversos ramos, econômico, político, científico e social. Envolve também o ramo tecnológico, pesquisas com patrimônio genético.). Mudanças foram trazidas pelo campo de investigação da Fenomenologia (A Fenomenologia é uma orientação do pensamento europeu, a qual submeteu a concepção positivista a uma crítica radical do que se apresenta ao ser. O termo fenomenologia significa estudo dos fenômenos, daquilo que aparece à consciência, buscando explorá-lo.).
A percepção apresenta estreita ligação com os sentidos, sendo as primeiras etapas realizadas pelos sistemas sensoriais (Em humanos, os principais órgãos do sistema sensorial são: pele, língua, nariz, ouvidos e olhos. Estes órgãos captam estímulos físicos ou químicos e os transformam em impulsos elétricos, que são transmitidos ao sistema nervoso central.), responsáveis por sua fase analítica; conceito estritamente subjetivo (subjetivo é tudo aquilo que é próprio do sujeito ou a ele relativo. É o que pertence ao domínio de sua consciência. É algo que está baseado na sua interpretação individual, mas pode não ser válido para todos.), se relaciona com o cérebro, abordagem amplamente estudada pela neurociência cognitiva (A Neurociência Cognitiva busca, através de diversas metodologias investigativas, analisar como se dão as atividades mentais relacionadas à cognição em áreas cerebrais).
Evidências atuais indicam que a percepção é um processo ativo – o cérebro constrói e edita suas percepções, por meio de fatores biológicos, mas regido por fatores históricos e culturais.
A percepção depende do “sujeito do conhecimento” (Delineia-se “sujeito do conhecimento” no nível de abstração que lhe compete. Distingue-se sujeito de indivíduo e de organismo. Situa-se o sujeito lá onde ele produz sentido: na relação com o objeto) e a coisa exterior é apenas a ocasião para que a percepção ocorra; o sujeito é ativo e a coisa externa é passiva, sentir e perceber são fenômenos que dependem da capacidade do sujeito para decompor um objeto em suas qualidades simples e de recompô-lo como um todo, dando-lhe organização e significação. (Leibniz, 1992).
Percepção é uma “função cortical” (Todo o córtex cerebral é organizado em áreas funcionais que assumem tarefas receptivas, integrativas ou motoras no comportamento. São responsáveis por todos os nossos atos conscientes, nossos pensamentos e pela capacidade de respondermos a qualquer estímulo ambiental de forma voluntária.) de fundamental importância para o desenvolvimento adaptativo, porém de difícil conceituação. Muitas teorias foram criadas para explicar a percepção.
A compreensão de como a percepção, conceito estritamente subjetivo, se relaciona com o cérebro, foi alvo de muitas indagações. A filosofia da mente tem discutido amplamente estas questões, tentando fundamentalmente estabelecer os limites científicos e metodológicos de uma ciência que não consegue explicar a percepção apenas por seus componentes biológicos, visto seu caráter subjetivo.
Contínuos aprofundamentos em relação a novas abordagens como à da “percepção” surgem a cada dia. O que parece sensato admitir é que a “percepção” é um processo ativo (o cérebro percebe aquilo que quer perceber), assim como é também função executiva (Mourão-Júnior & Melo, 2011), tem origem plural, sendo a combinação de fatores biológicos, históricos e culturais (Vigotski, 2007).