A elaboração da arte de narrar é uma ação que se efetiva e ocorre diante dos recursos instrumentais com as lentes historiográficas e fenomenológicas. Ambas possuem como intentos a recuperação de riquezas vivenciadas, com dados de recortes e elucidações como recurso a explorações de subjetividades, mediada por lógicas de conciliações de estética e de narrativas singulares.
Discernindo fatos e valores, (campo de ambiguidades experimentais) esses esforços de interpretação da realidade social e fenomenológica apresentam atribuições nos valores sociais do vivido, executando tarefas de elaborações através de narrativas mediadas por uma ética no favorecer evidências das fontes, tendo como consideração a regra de interpretações da temporalidade histórica e social articuladas.
Constituindo o encontro com a suposta realidade narrada (recorte observado), as relações de narrativas e suas explorações objetivas de subjetividades, estão diante de sentidos a serem reconstituídos e interpretados, considerando afinidades metodológicas entre os recortes fenomenológicos e históricos. A interpretação é sempre uma atribuição de sentido para o que é observado, uma fala, um texto, um ato, uma situação, um evento…, processos ativos, sistemáticos, criativos, exploratórios de sentidos e percepções dos recortes, descrições, julgamentos e de formas de estéticas narrativas linguísticas.
Em outras palavras, podemos dizer de exercícios hermenêuticos em função das evidências e das possíveis interpretações. Um mesmo objeto poderá ser de perspectiva universal como particular, e as lentes em questão são como um modo de intervenções de congelamento e de estacionamento de uma temporalidade e territorialidade, observando insurgências sociais e/ou convivências construídas por apropriações do que se mostra na especificidade de processos e de MODUS VIVENDI sociais, ou seja, Mutatis mutandis.
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