:: EDIÇÃO 013 :: Saúde Integral

ORÁCULO DE DELFOS – SAÚDE MITOLÓGICA?

Quando se dirigia a Delfos (cidade grega localizada no monte Parnaso, onde ficava o templo de Apolo), esperava-se obter uma resposta, uma orientação ou um conselho para uma decisão simples ou importante. Os gregos consultavam o oráculo de Delfos para uma orientação divina, uma previsão para o futuro, uma certeza em tempos de incerteza.  Hoje em dia, talvez Delfos possa representar outras coisas, talvez até mesmo seja consultado por algumas pessoas que procuram os serviços de saúde. 

Delfos estava além de sua localização geográfica, e tinha grande influência política. O que resta sem o oráculo de Delfos? O que fazer na incerteza? A atenção sobre o cuidado de si são ações que modificam, transformam e nos colocam em contato consigo. Quanto se sabe sobre si? Para realizar o cuidado de si, é necessário conhecer a si mesmo (FOUCALT, 2004). 

Nas práticas de saúde que exigem um profissional da área da saúde, é necessário que haja uma escuta mútua entre o profissional e o indivíduo, que reflete e afeta ambos (SANTOS et al., 2020). “Adaptar-se ao inadaptável: essa é a demanda, impossível de ser cumprida, que hoje vivemos em muitas situações cotidianas” (Rauter 2005, p.67). A produção de saúde precisa ser ressignificada em um processo de contínua construção, pois a saúde é produzida nas relações sociais e subjetivas, uma ressignificação de si e do outro (PEREIRA; BARROS; AUGUSTO, 2011).

Neste contexto, as práticas para um atendimento integral consideram o sujeito e sua subjetividade, um serviço de corresponsabilização e acolhimento (CARNUT, 2017). Lembrando-se de que estar a sós consigo, demanda muita presença, como dito por Milman (2007) “Para que se possa usufruir a solidão, é preciso muita companhia”.

Algumas Referências Bibliográficas

CARNUT, L. Cuidado, integralidade e atenção primária: articulação essencial para refletir sobre o setor saúde no Brasil. Saúde em Debate, v. 41, p. 1177–1186, dez. 2017. https://doi.org/10.1590/0103-1104201711515.
FOUCAULT, Michel. Ética, sexualidade e política (Ditos e Escritos, V). Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004a.
Milman, C. (2007). Estar solitária na presença da psicanalista. Psicanálise – Revista da 
Sociedade Brasileira de Psicanálise de Porto Alegre, 9(2).
PEREIRA, T. T. S. O.; BARROS, M. N. dos S.; AUGUSTO, M. C. N. de A. O cuidado em saúde: o paradigma biopsicossocial e a subjetividade em foco. Mental, v. 9, n. 17, p. 523–536, dez. 2011. 
RAUTER, Cristina. Invasão do cotidiano: algumas direções para pensar uma clínica das subjetividades contemporâneas. In: JUNIOR, Alterives M. et al. (Orgs.). Polifonias: clínica, política e criação. Rio de Janeiro: EdUFF, 2005, p. 63-72.
SANTOS, G. de B. M.; LIMA, R. de C. D.; BARBOSA, J. P. M.; SILVA, M. C. da; ANDRADE, M. A. C. Cuidado de si: trabalhadoras da saúde em tempos de pandemia pela Covid-19. Trabalho, Educação e Saúde, v. 18, p. e00300132, 31 ago. 2020. https://doi.org/10.1590/1981-7746-sol00300.




Geani Marins
29 anos de vida e Fé Cristã. Doutoranda em Saúde Pública e Meio Ambiente. Atua nas linhas de pesquisa: Epidemiologia de doenças transmissíveis e Geoprocessamento e análise espacial em saúde. Pesquisadora colaboradora no Projeto de Pesquisa e Extensão APHETO: Autopercepção da imagem corporal e nutricional, história clínica e epidemiológica na terapia nutricional do outro. Mestre em Ciências Ambientais e Conservação. Nutricionista.

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