:: Edição 005 :: Interação e Dados

RELAÇÕES CONTEMPORÂNEAS NA AQUISIÇÃO DE INFORMAÇÃO E O CONHECIMENTO

Com o avanço tecnológico nos últimos anos, a internet tem sido a fonte principal de informação. Uma pesquisa indicou que sete em cada dez brasileiros usam as redes sociais para se informar.1 Disponível em: https://canaltech.com.br/seguranca/7-em-cada-10-brasileiros-se-informa-por-redes-sociais-e-isso-afeta-a-seguranca-198668 acesso 03 de março de 2022. Este cenário instiga algumas reflexões sobre as relações neste processo de aquisição de informação e de conhecimento.

Em seu artigo “Vigilância e filtragem de conteúdo nas redes digitais: desafios para a competência crítica em informação”, BEZERRA, A. C. destaca o que chama de “condicionantes”. Seriam estruturas técnicas das plataformas que vigiam e filtram o modo de uso das pessoas e utilizam essas informações para diversos fins. A princípio fins comerciais, mas que reverberam influenciando nas esferas da vida social, orientação ideológica e política e até na visão de mundo dos indivíduos. Assim, o usuário da internet e redes sociais deveria conhecer as estruturas que operam e orientam a navegação para que tenha uma noção mais ampla sobre sua exposição e interesses envolvidos.

O conceito de “competência crítica em informação”, trabalhado por alguns teóricos, pode ser entendido como a habilidade de um indivíduo reconhecer quando a informação é necessária, saber como localizar, avaliar e utilizar de forma eficaz (ACRL)2 Documento da Association for College and Research Libraries (ACRL) – divisão da ALA – que estabelece padrões para a information literacy competency. .  O pensamento crítico seria fundamental nessa relação. O indivíduo precisaria ter habilidade em avaliar a informação, suas fontes, as questões econômicas, legais e sociais e interesses envolvidos. Isso significa manter-se num eterno movimento de questionar e testar. Ver, rever, pensar, repensar, amadurecer, construir, reconstruir, significar, ressignificar… Este é um grande desafio dado a torrente de informações que somos expostos e as demandas do nosso dia a dia.

O grande fluxo de informação e a capacidade limitada de monitoramento dos dados pessoais ensejou a criação de complexos algoritmos de vigilância e filtragem de conteúdo. Este monitoramento alimenta estas fórmulas matemáticas que tentam prever o comportamento do usuário apresentando a ele informações que seriam de seu interesse direcionando publicidade de forma personalizada. O autor chama de bolha de filtros todo esse sistema que pretende captar nossos hábitos de consumo, filiação política, práticas culturais e esportivas, orientação de gênero, relacionamentos sexuais, participação em grupos sociais ou minorias étnicas… Mas o comportamento de cada indivíduo tende a mudar conforme a plataforma utilizada colocando em xeque a verdade construída por esse levantamento.  Esse sistema se demonstra bastante falho e gera vários equívocos.  Imersos nesse ciclo de informações tendemos a perder o componente dialético, tendemos a diminuir os questionamentos e se fechar em formas próprias de conceder os mundos existentes e possíveis.

Diante desse processo de relações que se fecham em bolhas, que ferramentas utilizar a fim de não sermos contaminados nesse processo de fechamento em torno de si mesmo? O autor sugere transgredir as redomas questionando os próprios entendimentos e buscando vozes dissonantes que quebram as barreiras impostas pela indústria da informação. É importante a prática dialética constante de conhecer o diferente e estar aberto a conhecer o pensamento contraditório, construir mais os próprios conceitos e consumir menos os conceitos já enlatados. 

Todas as Notas

  1. [1] Disponível em: https://canaltech.com.br/seguranca/7-em-cada-10-brasileiros-se-informa-por-redes-sociais-e-isso-afeta-a-seguranca-198668 acesso 03 de março de 2022.  
  2. [2] Documento da Association for College and Research Libraries (ACRL) – divisão da ALA – que estabelece padrões para a information literacy competency.

Referências Bibliográficas

AMERICAN LIBRARY ASSOCIATION (ALA). Presidential Committee on Information Literacy. Final Report. Chicago: American Library Association, 1989. Disponível em: http://www.ala.org/acrl/publications/whitepapers/presidential Acesso em 03 de março de 2022
ARAUJO, Carlos Alberto Ávila de. Correntes teóricas da ciência da informação. Ciência da Informação, v.38, n.3 Brasília, p. 192-204, Set./Dez. 2009. Disponível em: http://revista.ibict.br/ciinf/article/view/1240 Acesso em 23 de julho de 2015
BRANCO, Dácio Castelo. 7 em cada 10 brasileiros se informa por redes sociais — e isso afeta a segurança. Canaltech. Disponível em: https://canaltech.com.br/seguranca/7-em-cada-10-brasileiros-se-informa-por-redes-sociais-e-isso-afeta-a-seguranca-198668 acesso 03 de março de 2022.  
 BEZERRA, A. C. Vigilância e filtragem de conteúdo nas redes digitais: desafios para a competência crítica em informação. Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação, v. 16, 2015.
PARISER, Eli. O filtro invisível: o que a internet está escondendo de você. Rio de Janeiro:Zahar, 2012.
VITORINO, Elizete Vieira; PIANTOLA, Daniela. Competência informacional – bases históricas e conceituais: construindo significados. Ciência da Informação, Brasília, v. 38, n.3, p.130-141, set./dez., 2009. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ci/v38n3/v38n3a09.pdf Acesso em 3 de março de 2022.




Daniel Peregrina
41 anos de vida e Fé Cristã. Bacharel em Direito. Pós-Graduado em Gestão e Coordenação de Ensino. Pós-Graduado em Psicopedagogia com Aperfeiçoamento de Docência. Bacharelando em Arquivologia. Há 19 anos atuando no mercado de comunicação Visual (Identidade Visual, Design Digital e Design Gráfico).

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