:: Edição 005 :: Produção Fonográfica

O ARTISTA E A JORNADA DO CRESCIMENTO

Já escrevemos nos artigos anteriores das mudanças recentes na indústria fonográfica, principalmente no modo como são feitas as produções hoje. Com a democratização dos lançamentos no mercado musical, é comum ver artistas produzindo a si mesmos, com poucos equipamentos, e se lançando ao mundo em busca de seu público.

Se, por um lado, essa mudança tirou bastante poder das mãos das grandes gravadoras, que antes tinham o monopólio do mercado, por outro lado ela acarretou uma grande mudança de perspectiva no que diz respeito ao rigor técnico e à experiência daquele que se vê como artista lançado.

Como a experiência de gravar uma música ou um álbum não está mais nas mãos de quem já tem conhecimento e um longo caminho trilhado nas produções (o caso das grandes gravadoras), é comum ouvirmos trabalhos de artistas que estão ainda nas fases iniciais de suas carreiras, e ainda não apresentam um trabalho sólido e amadurecido de suas concepções artísticas e suas habilidades técnicas.

Essa nova forma de fazer musical pode ser entendida de duas formas, sobre as quais comento nos próximos parágrafos.

Por um lado, os artistas iniciantes inundaram o mercado com produções ainda amadoras, com uma qualidade técnica abaixo do que um público mais exigente estava acostumado. Isso pode ser entendido como um desleixo, uma falta de estudo ou que esses artistas deveriam se aprofundar no conhecimento, para então colocar suas produções ao mundo. Certamente, essa visão colabora para que se aprimorem, estudem, se dediquem a amadurecer e refletir sobre sua própria construção como artistas. E o estudo e a dedicação sempre trazem bons resultados.

Mas, por outro lado, existem artistas que dão o seu melhor, mesmo nas fases mais incipientes da sua caminhada musical. Estes artistas, ao invés de esperar um crescimento que, aos próprios olhos, pode nunca chegar, decidem levar o público junto com eles nessa que tem sido chamada por muitos de Jornada do Crescimento. Existe, verdadeiramente, um fascínio em assistir alguém crescer e melhorar com o tempo, e o artista pode usufruir dessa conexão com o público para estreitar laços, fazer conexões e expor ao público esse processo que antes só acontecia por trás dos panos.

Obviamente, não advogo a causa de expor publicamente o despreparo e a falta de técnica musical com vistas a se lançar de qualquer maneira para o mercado musical. Mas existem muitos artistas tão exigentes consigo mesmos que esperam uma vida inteira até atingir um nível de perfeição que nunca chega. Que tal buscar, sim, com todas as suas forças, o amadurecimento e o crescimento tão valiosos, mas levar o seu público com você nessa jornada?




Felipe Aguiar
34 anos de idade, 28 de Fé Cristã. Mestre em Letras – Linguística. Bacharel em Letras – Inglês / Literaturas. Licenciatura em Letras – Português / Inglês. Graduado em Gravação e Produção Fonográfica. Técnico em Processamento de Dados. Livros Publicados: 2015 – “Coração Poeta: Pequenas doses de poesia para pensar na vida”. 2013 – “Trazendo à Terra as Canções do Céu”.

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