Na edição passada essa coluna descreveu de uma forma abrangente o trabalho do Produtor Fonográfico. Nessa edição vamos nos ater a um aspecto menor, mas de igual forma primordial para a produção musical: a concepção artística.
Tratarei da concepção artística aqui nesse texto como sendo o conjunto de ideias musicais, referências, objetivos sonoros, artísticos e conceituais que o artista busca para balizar o seu trabalho.
No meio cristão, onde o foco é maior nas questões de espiritualidade e da mensagem propriamente dita no texto das músicas, muitos artistas não cuidam dessa parte tão importante para a produção musical, e acabam por deixar que o produtor faça escolhas artísticas por si mesmo, e não escolhas alinhadas com uma visão artística estruturada.
Quais são as consequências disso? Artistas que não sabem pra onde sua arte vai, e que acabam se frustrando com o resultado final da produção por sentirem que há ali mais do produtor do que de si mesmos. Até mesmo a escolha do produtor ideal para a sua visão artística fica comprometida, porque é dessa simbiose que nasce uma produção musical de sucesso. E se isso não acontece, a produção fica longe do ideal.
Um artista que pensa sobre sua própria identidade, sobre o que quer dizer com a sua arte, sobre quais são as suas influências e referências artísticas/musicais está muito mais preparado para definir a produção das suas músicas nos seus próprios termos. Esse artista não é levado pelo vento da moda ou da pressão do mercado para pasteurizar a sua música.
Uma visão artística forte e embasada vai ajudar o produtor a entender o pensamento do artista, porque no fim das contas o importante é que o resultado final da produção traduza esses valores para o público, e não siga necessariamente os padrões do grande público, ou os gostos pessoais do produtor.