Dentre as várias áreas de pesquisa nos estudos da linguagem encontramos a Análise do Discurso (AD), que se denomina comumente por análise do discurso pecheuxtiana, visto que encontra em Pêcheux um dos seus principais e basilares pesquisadores.
Essa disciplina trouxe para o entendimento da linguagem a noção de que um discurso é um “efeito de sentido entre interlocutores”, ou seja, ela está interessada não em encontrar “o sentido” de um texto, como se a língua fosse transparente e fosse possível subtrair dela um significado puro e intocado.
O sentido, portanto, está na multiplicidade de sentidos de um texto, em determinados momentos históricos.
“Compreender o sentido como efeito e não como conteúdo significa pensá-lo em sua existência material, histórica, afetado pelas determinações sociais, pois ‘para que nossas palavras tenham sentido é preciso que já tenham sentido’, até porque ‘não inventamos nossas palavras, elas são sócio-historicamente determinadas’” (Orlandi, 2005, p. 181).
Esse entendimento do sentido sendo produzido historicamente e não como um objeto estanque muda o paradigma do discurso, visto que o objetivo deixa de ser enxergar o que há de verdade em tal discurso, mas em entender o processo de significação em que o sujeito é levado a significar o mundo através da interpretação.
Nesse sentido, há muito a ser estudado ainda sobre as “fake News”, e sobre “formulação do próprio desejo de completude do sujeito sobre o sentido e sobre si mesmo” (de Lacerda e Raimo), passando pelos efeitos do viés de confirmação e a perda da hegemonia dos grandes veículos de informação como detentores da “verdade”.
As fake News têm constantemente desestabilizado os conceitos de verdade/mentira ou de verdadeiro/falso, visto que se levarmos em conta apenas os efeitos sobre os leitores e agentes do processo de interpretação, as consequências são as mesmas: o sujeito vai agir e pensar como se aquilo fosse verdade. O efeito-verdade é produzido não nas palavras, mas na interação das palavras com os sujeitos.