:: EDIÇÃO 016 :: Interação e Dados

DADOS, INFORMAÇÕES E CLASSIFICAÇÕES: UM RECORTE SOBRE OS DESAFIOS DOS TEMPOS ATUAIS

Inovação tecnológica. Pesquisa científica. Tempo. Velocidade. Produção. Termos que apontam para a tônica dos últimos meses. Aliás, o termo utilizado para o referencial tempo foi encurtado do que comumente se usa para, de certa forma, ilustrar que o estabelecido já não é mais o mesmo. Transformações profundas estão assolando o mundo conhecido e desafiando a nossa capacidade de compreensão dos fenômenos. Os limites entre a capacidade de processamento e capacidade de produção nunca foram tão duramente desafiados e embora haja uma corrente na tentativa de contenção, é notório que não dá para parar um tsunami. Diante disto, cabe um pensamento: é possível “nomear” ou “classificar” os acontecimentos atuais?

Em primeiro lugar, é importante salientar um dos principais motivos que a humanidade nomeia e classifica as coisas. Afinal, por que precisamos classificar? Esta pergunta está diretamente relacionada ao campo da análise de dados, pois toda análise com intenção séria baseia-se em dados. Estes elementos começam a fazer sentido a partir do momento em que é possível defini-los, pois não há possibilidade de levantamento de dados sem a ciência do que está se levantando. Parece-nos óbvio, mas observe a questão: suponha que determinado pesquisador deseja saber sobre algum comportamento de determinada população – aqui, você já deve ter feito a pergunta: deseja saber o que? Suponhamos que este pesquisador queira levantar a informação do poder econômico da população estudada. Dentro deste viés, precisará definir o conceito de “poder econômico”, classificar esta população em grupos para fazer distinções e gerar conclusões sobre o estudo levantado.

Uma outra característica importante sobre o processo de classificação e nomeação dos fenômenos diz respeito a previsibilidade. Ora, quando não há dados históricos que nos permita fazer projeções sobre o futuro, o grau de incerteza e risco aumenta significativamente em todas as esferas da vida em sociedade. Aliás, você já parou para refletir sobre a base dos movimentos econômicos que acontecem ao redor do mundo? Tudo se baseia em previsões e crenças – enquanto o vendedor de um ativo acredita que este desvalorizar-se-á, o comprador acredita no completo oposto. O desequilíbrio nas projeções e a falta de clareza quanto aos riscos assumidos afetam não somente investidores ativos no mercado financeiro, mas todo o circuito econômico.

Toda esta contextualização mostrou-se necessária e trouxe-nos novamente a primeira questão da nossa conversa: é possível “nomear” ou “classificar” os acontecimentos atuais? Em um primeiro momento, adotando uma postura mais conservadora, alguns podem dizer que esta é a era da Inteligência Artificial (IA), mas permitindo-se aprofundar um pouco mais, o que é a IA? Seria um sistema? Um produto? Uma estrutura? Talvez, reconhecer que estamos na era da IA, suscita-nos mais perguntas do que respostas.

Referências:

  1. SULEYMAN, Mustafa. The Coming Wave – Technology, Power, and the 21st Century Greatest Dilemma. Crown. 2023.
  2. KAPLAN, Andreas. Artificial Intelligence, Business and Civilization: Our Fate Written in Algorithms. Springer, 2022.  
  3. RUSSELL, Stuart; NORVIG, Peter. Artificial Intelligence: A Modern Approach. Pearson, 2016.  
  4. FOUCAULT, Michel. The Order of Things: An Archaeology of the Human Sciences. Vintage, 1994.  
  5. GIGERENZER, Gerd; MAREWSKI, Julian N. Surrogate Science: The Idol of a Universal Method for Scientific Inference. Journal of Management, Vol. 41, 2015.  
  6. HARARI, Yuval Noah. Homo Deus: A Brief History of Tomorrow. Harper, 2017.  
  7. DIJK, Jan van. The Network Society: Social Aspects of New Media. SAGE Publications, 2020.  
  8. CASTELLS, Manuel. The Rise of the Network Society. Wiley-Blackwell, 2010.  
  9. HELZEL, Monika; DOMINGUEZ, Juan A. Computational Capacity and Technological Change. International Journal of Technology and Innovation, Vol. 12, 2019.  




Jhonata Matias
28 anos de idade e vida cristã. Técnico em Automação Industrial. Técnico em Meio Ambiente. Bacharel em administração de empresas. MBA – Auditoria, controladoria e contabilidade. Encarregado de dados (DPO) do grupo CF Contabilidade. Bacharel em Ciências Contábeis (cursando).

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *