:: Edição 007 :: Saúde Integral

UM CONVITE AO MOVIMENTO (PARTE 2)

Em edições anteriores, entramos em contato com a definição de saúde de 1947, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a mera ausência de doença ou enfermidade”. Embora a definição fosse avançada para o período em que foi escrita, considerando que saúde está além da ausência de doença, posteriormente foi chamada de ultrapassada, unilateral e inatingível. Com a Conferência Nacional de Saúde em 1986, foi criado o que se chamou de conceito ampliado de saúde:

“É a resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso aos serviços de saúde” (CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE, 1986, p.4). 

Ainda que ao longo do processo histórico o conceito de saúde tenha sofrido mudanças, Neves (2021), menciona que é importante lembrar do viés ou tendência que estudiosos podem ter, em situar-se em suas próprias perspectivas de tempo e espaço, aos quais estão condicionados. E isto, pode ajudar no entendimento das mudanças sofridas no conceito saúde. Mas, se nos atentarmos a uma visão menos fragmentada, e nos processos individuais que são organizados pelas experiências sociais, talvez possamos considerar que os conceitos empregados à saúde, não conseguem alcançar a sua totalidade. 

A palavra saúde em português, deriva de salude. Em castelhano salud; salut em francês e salute em italiano, estas derivam da raiz salus. Um atributo dos inteiros, intactos. Empregam-se a esta palavra: salvação, conservação da vida, cura e bem-estar. 

A saúde convida ao movimento. De acordo com González Rey (2004), a saúde é um processo em que a pessoa participa ativamente na qualidade de sujeito. Somos seres dinâmicos. Assim, dependendo das formas de cuidado em que nos submetemos, pode-se estar priorizando iniciativas técnicas que não promovem autonomia, mas reduzem-se a biologia dos corpos. Uma prática reflexiva, considera o sujeito do cuidado; consequentemente, os sujeitos não estão sob padrões de comportamentos considerados saudáveis sem nenhuma reflexão.

Referências

Anais da 8ª Conferência Nacional de Saúde; 17-21 1986; Brasília, DF: Centro de Documentação do Ministério da Saúde; 1987.
CAPONI, S. Georges Canguilhem y el estatuto epistemológico del concepto de salud. Rev. História, Ciências e Saúde, v. 4, n. 2, p. 287-307. 1997. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-59701997000200006.
GONZÁLEZ REY, F. Personalidade, saúde e modo de vida. São Paulo: Thomson Learning, 2004.
MORI, V. D; GONZÁLEZ REY, F. A saúde como processo subjetivo: uma reflexão necessária, rev. Psicologia: teoria e prática, v.14, n. 3. 2012.
NEVES, A. C. Conceito ampliado de Saúde em tempos de pandemia, rev. Poliética, v.9, n.1, p.78-95.2021.




Geani Marins
29 anos de vida e Fé Cristã. Doutoranda em Saúde Pública e Meio Ambiente. Atua nas linhas de pesquisa: Epidemiologia de doenças transmissíveis e Geoprocessamento e análise espacial em saúde. Pesquisadora colaboradora no Projeto de Pesquisa e Extensão APHETO: Autopercepção da imagem corporal e nutricional, história clínica e epidemiológica na terapia nutricional do outro. Mestre em Ciências Ambientais e Conservação. Nutricionista.

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