:: EDIÇÃO 015 :: Interação e Dados

APLICAÇÕES PRÁTICAS DA VARIABILIDADE NA ANÁLISE DE INFORMAÇÕES

A variabilidade é um aspecto fundamental na análise de informações, permitindo uma compreensão mais profunda e detalhada dos dados. Em vez de tratar os dados de forma homogênea, considerar a variabilidade oferece insights valiosos que podem guiar decisões mais informadas e eficazes. Até mesmo porque, o mundo, da forma como o conhecemos, não nos apresenta fenômenos de forma isolada, mas sim afetados de alguma forma por diversas variáveis intrínsecas ou extrínsecas ao movimento. Nesse sentido, gostaria de explorar nas próximas palavras alguns exemplos de como a variabilidade faz parte do movimento cotidiano e suas implicações práticas.

Segundo o dicionário Priberam da Língua Portuguesa, o termo variabilidade pode significar “qualidade do que é variável” ou “volubilidade”. Em termos mais específicos, observa-se que o próprio conceito da palavra emana perguntas que por si só, a depender da área de pesquisa, podem trazer significantes completamente diferentes. Vejamos este termo na estatística que indica quão esticada ou espremida uma distribuição é. Já para a medicina, alguns autores como Roberta Arinelli em seu texto sobre decisões clínicas baseadas na variabilidade pessoal e dados futuros, traz-nos uma perspectiva que variabilidade se refere a comportamentos do indivíduo que afeta diretamente à resposta de tratamentos médicos, em outras palavras, “a maioria das doenças não deriva de uma mutação genética simples, mas sim de riscos poligênicos, associados a fatores ambientais e hábitos pessoais.”

Permita-me trazer mais uma área que podemos observar aspectos práticos na variabilidade das informações – segmentação de mercados para negócios. Quando o empresário inicia a fase de planejamento com a construção do plano diretor que resultará no planejamento estratégico, tático e operacional será de grande importância que haja clareza quanto às variáveis que tendem a afetar direta e indiretamente o negócio a ser desenvolvido. Uma técnica aplicada já há muitos anos no mercado chama-se matriz SWOT que no Brasil foi traduzida para matriz FOFA, que busca levantar as Forças (S), Fraquezas (W), Oportunidades (O) e Ameaças (T) que servirão de insumo para elaboração de estratégias para realçar as Forças, controlar as Fraquezas, aproveitar as Oportunidades e reduzir os riscos das Ameaças.

Em um estudo de 2005, publicado pela FGV do autor Luiz Artur Ledur Brito, podemos perceber que o maior aspecto da variabilidade que afeta o desempenho das organizações está dentro delas mesmas, ou seja, as variações e flutuações de mercado, na maioria das vezes são aceitáveis e até toleráveis, porém, organizações sem o mínimo de estruturação, assumem variações esquizofrênicas como naturais e acabam conduzindo o negócio por um caminho sem volta até chegar à falência.

Portanto, tendo clareza de que a variabilidade é algo inerente a qualquer ambiente das relações humanas, é importante considerá-la sempre nas análises e diagnósticos das informações que nos são apresentadas, sejam em noticiários ou estudos técnicos, acerca dos mais variados assuntos. Um olhar atento aos movimentos e intenções torna-se uma blindagem eficaz no consumo de informações para tomada de decisões.

Referências:

  1. Priberam Dicionário da Língua Portuguesa. (n.d.). Recuperado de [https://dicionario.priberam.org/variabilidade]
  2. Arinelli, R. (2023). Medicina de precisão: Decisões clínicas baseadas na variabilidade pessoal e em dados futuros. MIT Technology Review. Recuperado de [https://mittechreview.com.br/medicina-de-precisao-decisoes-clinicas-baseadas-na-variabilidade-pessoal-e-em-dados-futuros/]
  3. Brito, L. A. L. (2005). O Crescimento da Empresa: Uma Análise da Variabilidade das Taxas de Crescimento. Fundação Getúlio Vargas (FGV). Recuperado de [https://pesquisa-eaesp.fgv.br/sites/gvpesquisa.fgv.br/files/publicacoes/P00324_1.pd]
  4. Humphrey, A. (2005). SWOT Analysis for Management Consulting. SRI Alumni Newsletter. Recuperado de [https://www.sri.com/sites/default/files/brochures/dec-05.pdf]
  5. Montgomery, D. C. (2008). Introduction to Statistical Quality Control. Wiley.
  6. Kotler, P., & Keller, K. L. (2016). Marketing Management. Pearson.
  7. Ginsburg, G. S., & Phillips, K. A. (2018). Precision Medicine: From Science to Value. Health Affairs, 37(5), 694-701.
  8. Bussab, W. O., & Morettin, P. A. (2017). Estatística Básica. Saraiva.
  9. Triola, M. F. (2015). Introdução à Estatística. LTC.
  1. Hair Jr, J. F., Black, W. C., Babin, B. J., Anderson, R. E., & Tatham, R. L. (2009). Análise Multivariada de Dados. Bookman.




Jhonata Matias
28 anos de idade e vida cristã. Técnico em Automação Industrial. Técnico em Meio Ambiente. Bacharel em administração de empresas. MBA – Auditoria, controladoria e contabilidade. Encarregado de dados (DPO) do grupo CF Contabilidade. Bacharel em Ciências Contábeis (cursando).

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