Talvez o leitor já tenha ouvido falar, mesmo que brevemente, sobre a Teoria da Relatividade Geral de Albert Einstein. A Teoria de Einstein escrita em 1915, revolucionou a ciência a respeito do universo. Uma previsão da Teoria da Relatividade Geral são os buracos negros. Apesar do próprio Einstein achar que na prática os buracos negros seriam difíceis de se encontrar, o termo “buraco negro” ficou popular na década de 1950 pelo físico John Wheeler e no ano de 2019 com o avanço tecnológico, o buraco negro foi observado e fotografado (Figura1) pela primeira vez no centro da galáxia.
As fotos do buraco negro são consideradas um marco histórico, e ainda que não seja possível observar o centro do buraco negro, observa-se na Figura 1 o gás brilhante que evidencia a região central cercada por uma estrutura brilhante em forma de anel. No entanto, para Neves (2017), existe um problema que aparentemente não tem solução. O que pode ser uma limitação à teoria de Einstein, ou sua própria limitação: as “singularidades” que existem no buraco negro. Estas singularidades representam uma falha nas equações da Teoria da Relatividade Geral.
Alguns físicos relatam que existem condições no espaço-tempo, que a Física para de funcionar, onde as leis universais não se aplicam. No centro do buraco negro toda a massa é acumulada, a densidade é infinita. Logo, as equações não funcionam. Isto traz uma complexidade entre os físicos, e alguns questionam a existência da singularidade, pois como foi dito pelo físico e professor Eduard Larrañaga: “Portanto, quando nós, como físicos, aceitamos singularidades, estamos aceitando que a física tem um limite.”
Um caminho interessante é que além de se atentar ao significado, ou a definição da singularidade, está em atentar-nos aos efeitos causados quando a singularidade está presente. Neste cenário, a reflexão sobre o coletivo versus indivíduo para estudos de saúde pública pode ser algo de alta complexidade. Comumente de forma intuitiva pode-se pensar que por estarmos inseridos em coletividades, estas são produtos do que somos e fazemos. Mas até que ponto analisar o coletivo pode retratar o sujeito? Ou vice-versa.
Bastos e Gomes (2012) consideram duas formas de reducionismo, uma quando a sociedade é entendida como somatório de ações individuais, sendo suficiente para explicar a complexidade e diversidade; e outra quando “o indivíduo é visto como produto de forças sociais”, neste caso a sociedade controla e molda os indivíduos.
O coletivo, o sujeito e coletivo/sujeito são complexidades com singularidades. Se tratando de estudos científicos de coletividades, reside a importância em analisar se é possível visibilizar o sujeito que está sendo estudado coletivamente.