Parece ser redundante e naturalizado o movimento de atravessamento de informações e formação de redes proporcionadas pela internet. O movimento é tanto que existem conceitos criados para tentar dar conta dessa naturalização de habilidades de uma geração, como a de “nativos digitais”.
Este espaço e suas conectividades são considerados tão essenciais para os seus usuários que se cria uma dimensão de produção de verdade. Não são raras as expressões cômicas, mas sintomáticas, de uma naturalização interiorizada e compartilhamento às cegas das informações, a saber, a de que “se está na internet, então é verdade”.
Do ponto de vista da informação e do conteúdo, tem-se mobilizado debates acerca de temas de cunho histórico e historiográfico. Alguns assuntos relacionados a acontecimentos político-sociais são alvos de diferentes interpretações. Para além de se tornar um ambiente de informações, passou-se a ser também o de compartilhamento de “autoridades” antes estabelecidas pelas institucionalidades acadêmicas.
Podemos, a partir daqui, identificar problemáticas, como a limitação que o conceito “nativos digitais” busca proporcionar. Algum grupo específico, por exemplo, a juventude e os adolescentes, já nascendo nesse ambiente de conectividades, estariam aptos naturalmente a sobreviverem e a nadarem nessas marés.
Apesar do nascimento numa sociedade ambientada cada vez mais no mundo digital criar facilitações, pode-se, porém, também evidenciar que boa parte do processo formal de aprendizagem, como a que se dá por meio da escola, parece estar longe da compreensão da internet para além de instrumento ao invés de enxergá-la como um meio, uma linguagem e uma vivência.
Talvez uma das consequências desse processo seja o não aproveitamento para a produção de conteúdos com bases construtivas e investigativas do conhecimento nesse espaço. Perde-se a chance de contribuir para não só o desenvolvimento de habilidades, mas também de competências.
Em suma, de integralizar o ato de investigar, de buscar e de gerar conteúdos com fundamentos no dia a dia das conectividades, ao invés apenas de delegar esse papel à velha rotina institucional formal, que ainda parece distante de se conectar e significar o mundo conectado.